22 de abr. de 2025
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O Google enfrenta uma possível reestruturação sem precedentes. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) está propondo que a empresa seja obrigada a vender o navegador Chrome e separar o sistema operacional Android de seus demais serviços. A medida extrema visa limitar o domínio do Google no mercado de buscas e publicidade digital, após uma decisão judicial que reconheceu o uso de práticas anticompetitivas pela big tech.
Por que o Chrome está na mira?

O Chrome é o navegador mais utilizado no mundo e funciona como uma das principais portas de entrada para o buscador do Google. Segundo o DOJ, essa integração entre navegador e motor de busca permite que a empresa colete dados em larga escala e mantenha uma vantagem injusta sobre concorrentes, principalmente no setor de publicidade digital. O argumento é que, ao vender o Chrome, o Google perderia esse canal direto de acesso ao comportamento dos usuários — o que abriria espaço para uma concorrência mais justa.
O impacto da separação do Android
O Android, presente em bilhões de dispositivos móveis ao redor do mundo, é distribuído gratuitamente, mas com exigências contratuais que favorecem os próprios serviços do Google. Isso inclui a obrigatoriedade de instalar apps como o buscador, o Chrome e a Play Store como padrão.
O DOJ considera que esse modelo reduz a liberdade dos fabricantes e usuários, ao mesmo tempo em que reforça o monopólio da empresa. Com a separação do Android de outros produtos do Google, seria possível limitar esse controle e fomentar mais diversidade no ecossistema mobile.
O que o governo quer mudar?
Além da venda do Chrome e da divisão do Android, o governo dos EUA propõe outras mudanças drásticas no modelo de negócios da gigante da tecnologia:
Proibição de acordos exclusivos com fabricantes e operadoras que garantem o Google como buscador padrão;
Licenciamento obrigatório dos dados de busca para concorrentes;
Transparência nos critérios de exibição de anúncios pagos e resultados orgânicos.
Para o Google, essas medidas não só colocariam em risco a sustentabilidade de suas plataformas, como também trariam impacto negativo para consumidores. A empresa alega que as mudanças aumentariam custos, dificultariam a inovação e prejudicariam a experiência do usuário.
Linha do tempo do embate entre Google e DOJ
Outubro de 2020 – O DOJ entra com um processo contra o Google, acusando a empresa de manter ilegalmente o monopólio no mercado de buscas.
Setembro de 2023 – Início do julgamento, com apresentação de provas sobre os acordos firmados com fabricantes e operadoras.
Agosto de 2024 – O juiz Amit Mehta determina que o Google, de fato, atua de forma a prejudicar a concorrência.
Abril de 2025 – Acontece a audiência para discutir quais medidas corretivas devem ser aplicadas.
Agosto de 2025 – Está prevista a decisão final que pode forçar mudanças históricas no Google.
Uma virada no mercado de tecnologia?
Se aprovadas, as medidas propostas pelo governo dos EUA podem mudar completamente o cenário da tecnologia global. Trata-se de um dos maiores confrontos regulatórios da história do setor, com potencial para limitar o poder de empresas dominantes e abrir espaço para mais concorrência, inovação e opções para os usuários.
O Google já sinalizou que vai recorrer, mas o processo segue em andamento — e as consequências podem moldar o futuro das plataformas digitais para além do território americano.