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Equações Bonfarianas: Como Aplicar Engenharia no Planejamento de Growth, Marketing e Receita Previsível

Equações Bonfarianas: Como Aplicar Engenharia no Planejamento de Growth, Marketing e Receita Previsível

Equações Bonfarianas: Como Aplicar Engenharia no Planejamento de Growth, Marketing e Receita Previsível

23 de jul. de 2025

|

15

min de leitura

Introdução: Quando o "depende" não é mais suficiente

Você já participou de uma reunião de planejamento em que, ao perguntar “quanto precisamos investir para bater a meta?”, ouviu um sonoro e desconfortável “depende”?

Esse “depende” é real — afinal, marketing e growth envolvem muitas variáveis. Mas a ausência de estrutura para lidar com essa incerteza é o que mais prejudica o crescimento previsível de empresas. Sem um modelo claro, times tomam decisões com base em suposições, achismos ou, pior, pressão de curto prazo.

Foi nesse cenário que surgiram as Equações Bonfarianas, um framework quantitativo criado por Paulo Bonfá para trazer clareza, lógica e engenharia para decisões estratégicas de aquisição, mídia e receita.

Neste guia completo, você vai entender como esse modelo funciona, como aplicar cada equação e, principalmente, como ele se conecta com a realidade de negócios digitais — SaaS, e-commerce, serviços recorrentes e além.

Capítulo 1: O que são as Equações Bonfarianas — e por que elas importam

As Equações Bonfarianas não são apenas fórmulas matemáticas.

Elas são, na prática, um modelo mental para estruturar decisões de growth. Elas conectam pontos que antes estavam soltos: investimento, leads, conversão, receita, payback, CAC, LTV e saturação de canais.

Com elas, times deixam de operar no modo “tentativa e erro” e passam a simular cenários com base em dados — mesmo quando os dados são estimativas iniciais.


Quando aplicar?

As Equações Bonfarianas funcionam muito bem para:

  • Startups e scale-ups em fase de crescimento

  • Times de marketing que precisam defender orçamento com lógica

  • Operações de mídia paga que buscam eficiência

  • Times de produto que medem impacto na retenção e receita

  • Qualquer negócio que dependa de aquisição + recorrência

Elas servem para prever e dimensionar decisões como:

  • Quanto podemos gastar por lead?

  • Essa meta de receita é realista com nosso funil?

  • Esse canal ainda pode escalar ou já saturou?

  • Quanto tempo levamos para recuperar o CAC?

  • Quando é melhor otimizar conversão do que crescer em volume?


Capítulo 2: A equação fundamental da receita Previsível (Mensal e Anual)

Vamos começar pela base: como estimar receita com base em investimento e performance do funil.

Essa é a equação de MRR, que conecta todas as outras:

iniCopiarEditarReceita = (bg / CPL) × T × C × R

Traduzindo:

  • bg: o budget, ou quanto você pretende investir

  • CPL: custo por lead qualificado

  • T: taxa de conversão dos leads em clientes

  • C: ticket médio por cliente

  • R: número de ciclos de pagamento (recorrência)

O que ela responde:

  • “Se eu investir X, quanto posso faturar?”

  • “Para bater R$ Y, quanto preciso investir?”

  • “Com esse funil atual, minha meta é viável?”

Um exemplo prático:

Imagine que você lidera o marketing de uma edtech com ticket médio de R$500/mês. O churn médio é de 8% e você trabalha com aquisição via mídia paga.

  • CPL = R$25

  • Conversão = 8%

  • Ticket = R$500

  • Churn = 8% → R ≈ 12 meses (vamos ver isso no capítulo seguinte)

  • Budget disponível = R$20.000

Você consegue gerar 800 leads (20.000 / 25). Com 8% de conversão, são 64 clientes.

Esses clientes geram R$500 por mês, durante 12 meses:
→ Receita esperada = 64 × 500 × 12 = R$384.000

Mas como qualquer outra fórmula matemática, ela permite algebrismos, isolando variáveis, criando outras fórmulas subjacentes. A seguir, mostramos cada uma delas:

1. Quanto investir para atingir uma meta de receita?

Se você tem uma meta de faturamento e conhece seus indicadores de funil:

iniCopiarEditarbg = (Receita desejada × CPL) / (T × C × R)

👉 Use quando: estiver planejando o orçamento do trimestre e quiser defender o investimento com base em dados.

2. Qual é o CPL máximo que posso pagar?

Ideal para campanhas de mídia. Se passar desse valor, sua operação pode se tornar inviável.

iniCopiarEditarCPL_max = (bg × T × C × R) / Receita desejada

👉 Use quando: estiver testando canais novos ou percebendo que o custo por lead está subindo.

3. Quantos leads preciso gerar?

Quando a meta de receita está clara, mas você precisa definir a meta de geração de leads:

iniCopiarEditarLeads = Receita / (T × C × R)

👉 Use quando: for alinhar metas entre marketing (leads) e vendas (receita).

4. Qual taxa de conversão mínima preciso ter?

Se você quer saber quanto precisa converter para justificar o investimento atual:

iniCopiarEditarT = (Receita × CPL) / (bg × C × R)

👉 Use quando: estiver ajustando metas da área de vendas ou otimizando o funil.

5. Qual ticket médio preciso alcançar?

Se está rodando campanhas, mas o faturamento está abaixo do esperado:

iniCopiarEditarC = (Receita × CPL) / (bg × T × R)

👉 Use quando: estiver planejando ações de upsell, bundling ou revisão de pricing.

6. Qual fator de recorrência preciso manter?

Se sua receita depende de retenção, esse cálculo ajuda a entender o mínimo aceitável de fidelização:

iniCopiarEditarR = (Receita × CPL) / (bg × T × C)

👉 Use quando: churn estiver alto e você precisar projetar a saúde financeira da base de clientes.

A Equação Bonfariana de Receita Anual (ARR)

Para complementar os cálculos de LTV e recorrência, as Equações Bonfarianas também propõem uma fórmula prática para estimar a Receita Anual Recorrente (ARR), especialmente útil em modelos com crescimento progressivo da base de clientes.

Essa fórmula é uma adaptação da soma de uma progressão aritmética, representando o acúmulo de receita mês a mês com aquisição contínua de clientes:

ARRbonfariana=T⋅C⋅R⋅n(n+1)2ARR_{bonfariana} = T \cdot C \cdot R \cdot \frac{n(n + 1)}{2}ARRbonfariana​=T⋅C⋅R⋅2n(n+1)​

Onde:

  • T = Taxa de conversão de leads em clientes

  • C = Ticket médio por cliente

  • R = Recorrência mensal (quantas vezes o cliente gera receita por mês, ou 1 para SaaS)

  • n = Número de meses projetados (ex: 12 para o ano)

Exemplo prático

Imagine um modelo SaaS com os seguintes parâmetros:

  • Taxa de conversão: 5% (0,05)

  • Ticket médio mensal: R$ 500

  • Recorrência: 1 (pagamento mensal)

  • Projeção: 12 meses

ARR=0,05×500×1×12⋅132=0,05×500×78=R$1.950ARR = 0{,}05 \times 500 \times 1 \times \frac{12 \cdot 13}{2} = 0{,}05 \times 500 \times 78 = R\$ 1.950ARR=0,05×500×1×212⋅13​=0,05×500×78=R$1.950

Ou seja, essa é a receita total esperada no período, assumindo aquisição contínua mês a mês e base ativa crescendo gradualmente.

Quando usar essa fórmula?

  • Para estimar ARR em modelos com crescimento constante de base de clientes;

  • Em projeções de receita para o board ou para captação de investimento;

  • Como alternativa prática à análise de cohorts quando não se tem dados suficientes.

Essa fórmula dá uma estimativa segura e simples para o crescimento de receita ao longo do tempo, usando apenas os elementos principais do funil. É mais uma ferramenta que transforma o "depende" em algo projetável.

Com essa estrutura, você pode modelar sua meta, ajustar alavancas (melhorar conversão, reduzir CPL, aumentar ticket ou retenção) e simular cenários.

🔗 Quer ver mais detalhes e simulações? Leia: A Equação da Receita Previsível


Capítulo 3: RC (Retorno Composto) — o valor da longevidade do cliente

Nem todo cliente é igual. O cliente que fica um mês e cancela tem valor muito diferente daquele que permanece 10 meses, certo?

É aí que entra o conceito de Retorno Composto (RC). Ele representa quantos ciclos de receita um cliente gera, e é usado para calcular o LTV (Lifetime Value) com mais precisão.

Existem duas formas de calcular o RC:

  • Contrato fixo (tempo definido):

    iniCopiarEditarRC = tempo de contrato × (1 - churn)
  • Sem contrato (modelo de assinatura livre):

    iniCopiarEditarRC = 1 / ln(1 / (1 - churn))

Exemplo prático:

Se seu churn mensal é de 8%, o RC será:

iniCopiarEditarRC = 1 / ln(1 / (1 - 0.08)) 12

Ou seja, um cliente médio permanece 12 meses.

Esse dado é essencial para calcular o LTV, estimar payback e saber até onde vale a pena gastar para adquirir um cliente.

Capítulo 4: LTV, CAC e Payback — o tripé do crescimento saudável

Essas três métricas andam juntas. O tripé:

  • LTV: quanto um cliente gera ao longo de sua jornada

  • CAC: quanto custa trazê-lo

  • Payback: quanto tempo leva para o CAC se pagar

Fórmulas rápidas:

javaCopiarEditarLTV = Ticket × RC
CACmáx = LTV × Margem alvo
Payback = CAC / Ticket

Exemplo completo:

  • Ticket médio: R$300

  • RC: 10 meses → LTV = R$3.000

  • Margem esperada: 40% → CAC máximo = R$1.200

Se seu CAC real for R$1.000, ótimo. Seu payback será:

CopiarEditar1.000 / 300 = 3,33 meses

Ou seja: você recupera seu investimento em pouco mais de 3 meses e o restante do ciclo do cliente vira lucro ou reinvestimento.

Por que isso importa?

Porque sem essa análise, é fácil cair no erro de escalar campanhas com CAC maior que LTV ou com payback longo demais para seu fluxo de caixa.


Capítulo 5: Saturação de mídia — quando escalar deixa de valer a pena

Mídia paga costuma funcionar bem no começo. Mas chega uma hora em que escalar simplesmente aumenta o CAC sem aumentar proporcionalmente a receita.

Isso acontece porque você começa a esgotar o público mais barato e disputado. A qualidade dos leads cai e o algoritmo entrega para pessoas menos qualificadas.

Como isso é modelado?

Com uma função logarítmica:

bashCopiarEditarCPA(x) = a × ln(bx + 1)

Onde:

  • x é o investimento no canal

  • a e b são coeficientes ajustados com base no histórico

Essa curva mostra que o custo por aquisição cresce de forma não linear — e você pode calcular o ponto de saturação com:

iniCopiarEditarxmax = (e^(CPAmax / a) - 1) / b

Exemplo de decisão:

Se seu CAC máximo viável é R$150 e sua curva mostra que ao passar de R$25.000 investidos o CAC salta para R$180, você precisa pensar em:\n

  • Melhorar conversão de página

  • Lançar novos criativos

  • Diversificar canais


Capítulo 6: Orquestração multicanal — alocar orçamento com inteligência

Se você trabalha com mídia, já percebeu: nenhum canal escala infinitamente com eficiência.

Por isso, a orquestração multicanal é tão importante. A ideia é distribuir o budget entre canais respeitando o ponto de saturação de cada um.

Equação base:

cssCopiarEditarPara cada canal i: CPAi(xi) CPAmáx
Soma de xi = Budget total

Essa lógica é especialmente útil quando se trabalha com:

  • Meta Ads + Google + TikTok simultaneamente

  • Orçamentos acima de R$50 mil/mês

  • Campanhas com metas de ROAS ou CAC rígidos

Você evita concentrar demais onde já saturou — e aumenta eficiência geral da operação.

Capítulo 7: O sistema bonfariano em ação — conectando todas as peças

Agora que exploramos em detalhes cada parte das Equações Bonfarianas, é hora de juntar tudo. Nesta etapa, vamos ver como esses blocos formam um sistema integrado de planejamento, acompanhamento e otimização do growth.

Se você é gestor de marketing, produto ou vendas, pense nesse framework como um painel de controle. Em vez de agir por instinto ou "feeling", você tem agora um conjunto de variáveis que respondem às principais perguntas do negócio.

Como todas as variáveis se conectam na prática?

Imagine que sua empresa definiu uma meta de receita para o próximo trimestre: R$ 300.000.

Com base nisso, você pode usar a equação base para descobrir tudo o que precisa:

  • Quantos leads precisam ser gerados;

  • Qual o CPL máximo tolerável;

  • Qual o budget ideal para alcançar essa meta;

  • Quais canais estão mais próximos da saturação;

  • Qual taxa de conversão mínima você precisa manter.

Vamos usar um cenário base:

  • Meta de receita: R$ 300.000

  • Ticket médio mensal: R$ 500

  • Churn mensal: 5%

  • Conversão de lead para cliente: 10%

  • CPL médio atual: R$ 25

Etapa 1: calcular o RC (Retorno Composto)

Com churn mensal de 5%, o RC pode ser estimado com a fórmula de decay:

Ou seja, cada cliente fica em média 20 meses na base.

Etapa 2: calcular o LTV

Etapa 3: calcular número de clientes necessários

Etapa 4: calcular número de leads necessários

Etapa 5: calcular budget necessário

Com esses dados, é possível montar um plano realista, defensável e conectado entre marketing, vendas e financeiro.


Capítulo 8: Aplicação prática em diferentes modelos de negócio

As Equações Bonfarianas funcionam para qualquer operação baseada em aquisição, conversão e retenção. Mas os parâmetros mudam bastante conforme o modelo. A seguir, exemplos em três contextos diferentes.

SaaS (Software as a Service)

  • Ticket mensal: R$ 200

  • Churn mensal: 4%

  • Conversão: 10%

  • Meta de receita: R$ 240.000

RC ≈ 25 → LTV = 200 × 25 = R$ 5.000 Clientes necessários = 240.000 / 5.000 = 48 Leads necessários = 48 / 0,10 = 480

Se o CPL for R$ 30, o budget necessário = 480 × 30 = R$ 14.400

E-commerce

  • Ticket médio por compra: R$ 150

  • RC (número médio de compras por cliente): 3

  • Conversão: 2%

  • Meta de receita: R$ 90.000

LTV = 150 × 3 = R$ 450 Clientes = 90.000 / 450 = 200 Leads = 200 / 0,02 = 10.000

Com CPL de R$ 8, budget necessário: R$ 80.000

Serviços de consultoria

  • Ticket por projeto: R$ 5.000

  • Conversão: 15%

  • RC = 1 (projeto único)

  • Meta de receita: R$ 50.000

LTV = R$ 5.000 Clientes = 10 Leads = 10 / 0,15 ≈ 67 Com CPL de R$ 40 → Budget necessário = R$ 2.680


Capítulo 9: Como montar dashboards com as Equações Bonfarianas

Para tornar essas fórmulas parte da rotina, vale a pena criar dashboards simples — em Notion, Google Sheets ou Looker Studio — que calculem automaticamente:

  • Receita estimada a partir do budget (e vice-versa);

  • CPL máximo baseado em metas;

  • LTV real baseado em churn e ticket;

  • Saturação por canal (com curvas logarítmicas);

  • Payback estimado (CAC / Ticket médio).

O ideal é que cada stakeholder tenha uma visão integrada:

  • Marketing foca em CPL, Leads e Saturação

  • Vendas foca em Conversão, Ticket e LTV

  • Financeiro acompanha CAC, Payback e Margem


Capítulo 10: Limitações do modelo e como complementá-lo

As Equações Bonfarianas são incrivelmente úteis como primeira aproximação. Mas como todo modelo, elas têm limites:

  • Não capturam sazonalidade ou variações de comportamento ao longo do tempo;

  • Pressupõem estabilidade nos indicadores (conversão, CPL, churn);

  • Precisam de dados atualizados com frequência para manter validade.

Como complementar?

  1. Análise de cohorts — para entender a retenção real mês a mês;

  2. Testes A/B — para validar suposições de ticket e conversão;

  3. Ferramentas preditivas — para ajustar cenários com machine learning;

  4. Feedback qualitativo — para entender gaps que os números não mostram.


Com tudo isso, você estará pronto para operar crescimento com mais controle, menos achismo e muito mais impacto.

Se quiser se aprofundar em cada uma das equações com exemplos e fórmulas detalhadas, vale conferir este artigo complementar: Equação Fundamental da Receita Previsível.

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